segunda-feira, 15 de agosto de 2011

POR QUE ME UFANO DO MEU PAÍS


Tudo começou em 1500. Ou antes, nunca se vai ter certeza. Vieram até aqui, pegaram o que desejavam e foram embora. Deixaram alguns. Quais os que ficaram? Os expatriados, os criminosos, etc. Não foi sem querer. De certa forma eles estavam começando a “educar” o novo país.
         Depois vieram mais. Os que não estavam bem. Aqueles que queriam melhorar de vida e voltar para se mostrarem como ricos. Os que sobraram na distribuição dos favores do rei da época.
¾ Majestade, está faltando o Conde XX, e o Barão YY. Eles não receberam nada.
¾ Para este RESTO aí, de uns pedaços daquela terra que o Cabral falou.
         Lá na Europa tinha alguns que queriam ir embora por razões de consciência. Optaram pelo norte das novas terras.
         O RESTO veio para o sul. Resto e frustrado. A idéia era vir, ganhar dinheiro, comer umas índias e voltar.
         Depois veio uma turma grande. Os fugidos do Napoleão. Na hora que deu para voltar, quase todos se mandaram, ficou um RESTINHO por aqui.
         E de RESTO  em RESTO  fomos construindo um novo país.
         No início deste século que está acabando, alguns dos restos que aqui permaneceram, haviam melhorado financeiramente e resolveram trazer uns pobres para trabalhar para eles. Perguntaram na Europa:
¾ O que vocês tem sobrando aí?
E as elites responderam:
¾ Tem uns pobres aqui, que só comem e atrapalham.
¾ Então manda.
         E vieram. Foi a mesma coisa no Japão.
         Quem você acha que veio? Aquele que tinha uma terra, tinha filhos em escola, uma boa renda, ou o RESTO? Resposta fácil não.
Só que não era só aqui que precisava de mão de obra. Lá em cima também. E foram procurar no velho mundo.
         Você acha que quem imigra em troca de novas oportunidades procura que país? Veja o exemplo atual dos brasileiros. Tem alguém indo para Somália, Gabão, Paraguai, Equador ou Etiópia? Lógico que não.
         Quem, na época, era um pouco mais informado, foi para o Norte. Assim, ficamos com a SOBRA do RESTO.
         Os nossos avós, bisavôs, etc. e tal vieram construir um novo país.
         O Brasil virou uma imensa lata de lixo onde as elites dos países ricos jogavam seus pobres. Tinham boa formação, católicos, cristãos, budistas; cordeiros prontos para o sacrifício.
         Lógico que chegando aqui alguns ganharam muito dinheiro, afinal oportunidades sempre existem num país novo e de riquezas naturais como este. 
         Com o dinheiro veio muita coisa. Tudo que se inventava por lá aqui começou a ter: carros, casas, livros que enchiam paredes.
         Mas dinheiro, sem formação cultural a orientar sua utilização deu no que deu: motoristas deseducados e trânsito caótico; casas de extremo mau gosto e sem funcionabilidade; prédios com vidro fumê em clima tropical, com ar condicionado ligado o tempo todo; roupas e comidas de clima temperado usados livremente em país tropical.
         Livros comprados a metro, em função da cor da parede, ou a estante mais valorizada do que o que ela vai conter.
         E a enorme vontade de ser mais do que se é passando por cima de tudo e de todos. Levar vantagem em tudo.
         Esta massa amorfa, que não deixa de ser o RESTO da Europa.
         Por isso antes de reclamar que uma besta está dirigindo o carro do lado ou na sua frente, pense na origem deste motorista.
         Antes de se zangar com o esperto que guarda lugar na fila para trinta pessoas e você não consegue entrar no cinema, pense no porão do navio que trouxe o avô dele.
         O avô dele, o seu e o meu, que vieram para ca para ficarem ricos e não educados.
         Vieram para enriquecer e ir embora, e não conseguiram, deixando-nos abandonado neste local cheio de oportunidades, maravilhoso, com uma linda paisagem, mas igualmente cheio de predadores (como nós)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ausencia

Como é agitada a vida. De novo, nascimentos e doenças perturbam a frequencia diária ou até mesmo semanal neste espaço. mesmo sendo fácil o copia e arrasta inventado pelas mentes mágicas da informatização. Histórias velhas e novas se misturam na mente e na alma.
Cuidando de uns e sendo cuidado por outros
Arrastando pernas
Segurando mãos
Quem ontem amparava hoje é amparado
Vamos colocar um texto para levantar o ânimo.
Vamos falar de bobagens, que de bobagem em bobagem, chegaremos la´

NOVA GERAÇÃO

         Um dia destes recebi cópia de um email que circulava pela internet alertando sobre o trabalho de, vamos dizer assim, corintianização, feito pela Rede Globo. Por ser o time que dava mais retorno de audiência, e por estar atravessando uma fase muito boa, foi um festival de jogos diretos do Corinthians, todas as quartas e domingos.
         Achei que o alerta era exagerado, até porque estas coisas são temporárias, e cíclicas, e logo outro time estaria na berlinda.
         Mas comecei achar que há um pouco de verdade numa recente viagem de ônibus de Barretos para Campinas.
         Na parada em Bebedouro subiu para o ônibus e sentou no banco da nossa frente duas senhoras e uma criança, mães e avós, sendo que o menino devia ter uns quatro ou cinco anos. Falou o tempo todo, resmungou, mexeu onde não devia, em resumo, fez tudo o que uma criança normal desta idade faria.
         Logo que saiu da rodoviária, ao ver uma bandeira numa casa perguntou o que era aquilo.
         — Aquilo é uma bandeira do Brasil. É por causa dos jogos da Copa. Você não é brasileiro?
         — Não sou não. Sou palmeirense.
         Pensei cá comigo. Mais um sofredor à vista. E a mãe ainda reforçou.
         — Lógico que você é palmeirense, Mas agora na Copa, a gente torce pelo Brasil, pois o Marcos está lá.
         Continuei pensando. Argumento meio fraco, mas vá lá.
         E segue a viagem. Esqueci de mencionar que o ônibus em questão num misto de modernidade com bagunça brasileira, tinha televisão, que não funcionava. Mas estava lá a tv. E começa o seguinte diálogo.
         — Mãe, liga a televisão.
         — Não posso. Só o motorista que pode fazer isso.
         — O que passa na televisão.
         — Nesta aí só filme. Na lá de casa passa novela, desenho, filme...
         E o menino em cima:
         — Jogo do Corinthians.
         E a mãe, sem jeito:
         — É.
         E segue a viagem. O menino esqueceu a televisão e foi mexer na cortina, levando bronca da mãe, porque estava cheio de pó, entrava luz, etc., aquelas coisas que as mães sempre falam para as crianças. Aí, ela fez uma besteira.
         — Vamos cantar uma musiquinha. Canta alguma coisa para a vovó ouvir.
          E o moleque começou:
         — Salve o Corin..
         Coitado. Levou um tapa da mãe, (obviamente uma palmeirense) e um cala boca tão grande que funcionou até descerem em Araraquara.
         É gente, vocês têm razão. Se não abrir os olhos, logo, logo só vai ter torcedor do Timão por aí.