quarta-feira, 27 de abril de 2011

Barata

(a moda de CDA) ( tá mais para Kafka)

A barata passeava tranqüila pelo piso. A escuridão era o seu meio preferido. Buscava o que comer e suas antenas já tinham captado a presença de alguma coisa. Caminhava (barata caminha ?) despreocupada orientado-se por ondas químicas.
A luz que acendeu de repente provocou-lhe uma sensação de susto, deixando-a paralisada. A sua busca por alimento foi substituída pela imediata necessidade de procurar a escuridão. A fome poderia esperar. Aquela sombra que se aproximava, entretanto, não era a que buscava. Representava, isto sim, uma ameaça.
Para a pessoa, um chinelo. Para a barata uma tremenda sombra ameaçadora.

Conclusão 1 - As baratas não sabem para que serve um chinelo, mas se apavoram quando estes se aproximam em alta velocidade.

Conclusão nada a ver - A barata é um bicho realmente estranho. Assusta os seres humanos e tem um medo danado de seus chinelos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Centenário da Dona Maria

SE estivesse por aqui ainda, minha mãe faria hoje 100 anos. SE fosse famosa, provavelmente sairia suas fotos em jornais e revistas. Mas a fama que ela construiu foi entro de uma familia. Aliás, o certo seria dizer familias. Primeiro com seus pais, ajudando a criar os filhos mais novos. Mais tarde com o o seu Zé construindo uma história da qual tenho orgulho de participar. E conforme os filhos e filhas foram formando as suas famílias lá estava ela a ajudar, a participar.
Como homenagear essa aniversariante? Entre as fotos que tenho disponível resolvi escolher uma bem simples. Na porta da velha casa da Coelho Lisboa, fazendo caretas, ao ladfo do seu marido, sempre divertida e brincalhona


E por falar em brincalhona , algumas coisas que ela gostava de dizer, encerrando com uma risada gostosa
Seu juiz
Sai para rua comadre cadela
Na rua to peidando
Ca vara de to cagado
Travessei seis rua
Sete cu largo
Dexe mija
Qui ja ta pingando
Traduzindo
Senhor Juiz, sai para a rua com a comadre, cade ela?
Na rua encontrei Dando com a vara de tocar o gado.
Já atravesseis seis ruas, sete, com o largo
Deixe-me ir já
Pois já está pingando ( chovendo

Com a Cristininha (trocando o f por um c)
Sabe o que disse o Odair
O filho da verdureira
Que é feio o nosso país
Que é feia a nossa bandeira
Eu fiquei tão zangada
Que nem mesmo sei o que fiz
Somente torci o nariz
E dei-lhe uma bofetada
E um poema que fiz, muitos anos atras, para lembrar o carinho e a fé

Hoje a angustia bateu
Eu não sabia mais como agüentar
Ver a menina lá
Quieta, a me olhar
E eu, sem poder saber
O que ela estava sentindo

De repente apareceu
Como de um sonho gostoso
Uma pessoa que veio até o meu lado
E ao meu lado sentou
Tão quieta como chegou
Abriu uma gaveta do lado
E de lá saiu
Um livro e uma cruz
E sem que eu pedisse
E sem nada dizer
Começou sua reza, pedindo a Deus
            Pra cuidar da menina
            Que estava lá
            A nos olhar
            E eu rezei, sim rezei
            E eu chorei
Acompanhei aquela reza
            Me agarrei naquela reza
            Como um náufrago
            Segura o que sobrou do barco
            Como um doente
            Segura a mão do médico
E então, como por encanto
A reza acabou
E quieta como chegou
Ela se foi
Levou a minha angústia
Deixou sua paz.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Imitando Borges

J L Borges, como todo genio, transforma coisas simples em obras de arte. Por exemplo, ele escreveu um texto com a pergunta O que é Buenos Aires? como título, onde colocou memórias afetivas, locais, etc. Ficou bonito. E perfeitamente imitável. Eu fiz a mesma coisa com São Paulo. Outros poderão fazer também. Aliás, sugiro que faça.  Assim, eu respondo a pergunta

O QUE É SÃO PAULO a moda de Jose Luiz Borges

                                                        

·        É um número 765 atrás do qual a vida veio e foi algumas vezes
·        É um paredão escondendo uma fábrica num lado e deixando brotar amores nas suas sombras acolhedoras
·        É o barulho do freio de ônibus, acordando renitentes passageiros adormecidos
·        É o poeta/cronista cantando a beleza de um burro pastando a grama de um jardim público
·        É a biblioteca onde se descobre o poeta
·        É o cheiro sufocante de pastel na travessa sórdida, mas que mesmo assim nos alimenta
·        É o som baixo do pianista aposentado antes do filme no Cine Ouro
·        É o número enorme de habitantes das escadarias solicitando uma esmola
·        É o vão debaixo da escada da avenida 23 de maio, onde se escondem o ladrão e os namorados
·        "É o Brás, Tietê viadutos, barracas de flores e a multidão"
·        É o atravessar a Avenida Celso Garcia de ponta a ponta em plena madrugada, sonhando com outros dias em futuro brilhante.
·        É atravessar novamente a Avenida Celso Garcia, flutuando sobre lembranças de um recente momento inesquecível.
·        É o cheiro de gás próximo ao Gasômetro, onde antigamente (nem tanto assim) as famílias levavam seus filhos para “abrirem os peitos”
·        É o Frevinho fervilhando e o bar da esquina com ovo cozido de casca vermelha.
·        É uma calçada na Major Freitas onde se passa devagar na hora do almoço para ver se consegue captar um olhar.
·        É a longa escada que nos leva do Anhangabau até o Largo São Bento, pelo Viaduto Santa Efigênia.
·        É um cemitério, na Quarta Parada, onde famílias concorriam em homenagem a seus mortos, num espaço delimitado.
·        É um ônibus vermelho e amarelo., de numero 34
·        É um Horto Florestal, onde famílias se reuniam para o piquenique nos domingos, e onde rapazes e moças encontravam, nas suas trilhas, a resposta para suas imensas dúvidas.
·        É Cine Jussara, onde uma única vez fez-se fila imensa. Para assistir Help.
·        É Praça do Correio, onde mendigos e prostitutas se juntam no frio para se auto aquecerem, enquanto cansados trabalhadores dormitam nas filas, esperando o “noturno”
·        É o som das orquestras que toca nos bailes de formatura nos salões da cidade, onde reinam Dick Farney, Pocho, Silvio Mazzuca, Carlos Pipper e alegram seus inúmeros súditos.
·        É a Casa de Portugal, o Pinheiros, o Aeroporto, e quando pintava um amigo rico, o Monte Líbano
·        É o pão na madrugada ao sair desses salões (principalmente no Pinheiros)
·        É uma rua não muito longa, pois termina no 777, sede do Corinthians
·        É uma pequena capela, que se via da via Anchieta, e de onde, aos domingos, a Record transmitia a missa ao vivo.
·        É Raul Tabajara iniciando as transmissões esportivas, nas tardes de domingo.
·        É cinema, cinema, cinema nas tardes/noites de domingo.
·        É um pequeno bar em frente ao Teatro Paramount, com as paredes cheias de fotos e autógrafos famosos
·        É o abacaxi do Parque D. Pedro
·        É a lingüiça frita no potinho de barro na Churrascaria Central, da Praça Silvio Romero
·        É o Avenida Danças, o Som de Cristal, para dançar.
·        É o Papagaio Verde para o Virado a Paulista
·        É a Feira Paulista de Opinião e o Dois Perdidos numa Noite Suja para instruir
·        É o cine Scala para ver diversas vezes 2001

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Almoçando no centro

Da época que trabalhei no banco
Além do horário de almoço, havia, por volta das três da tarde um café com pão e manteiga. É de espantar que, mesmo naquela época, alguém conseguisse paõzinhos quentes na 24 de maio as três da tarde. Milagres do serviço bancário.
O almoço poderia ser apenas um lugar comum: saia correndo, pegava um PF (prato feito) no boteco, e voltava para o balcão. Mas o boteco era o Papagaio Verde, que não existe mais, e o prato feito era um Virado a Paulista, como nunca mais experimentei.
Aqui é a hora da boca encher de água ao lembrar com detalhes do tutu com couve, a costela e a lingüiça frita por cima, tudo escondido por um ovo frito com a gema mole. Do lado uma cumbuquinha de arroz.
Com muita paciência, recortava-se o ovo, deixando a gema escorrer e misturar ao tutu, puxando-se a couve para participar desta união, picando-se então o resto do ovo e a lingüiça, transformando tudo numa massa bem consistente e deliciosa. Que diferença da comida servida alguns anos depois na Polidura, que só descia se encharcada de pimenta para disfarçar o gosto. Não devia comer este virado todo dia, mas que era quase todo dia, isto era.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dos outros


Pichação numa parede


Quero revolucionar a música brasileira:
Pintar a asa branca de preto
Atrasar o trem das onze
Pisar nas flores do Vandré
Me separar da Amélia

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Amor e Futebol

Aproveitando a deixa do filmete do Itau e dos franceses sobre coisas antigas apresentadas na atualidade, segue um tipo de piada muito comum entre as meninas do anos 60

AMOR E FUTEBOL


I – Se marca um encontro      >>>> Jogo combinado

II – Ele não ama >>>>> jogo adiado

III- Ele pega na mão >>>>> Defesa perfeita

IV – Ele retira a mão >>>> Ataque de surpresa

V – Ele pede um beijo >>>>> Chute ao gol

VI – Ela nega >>>> Boa intervenção

VII – Ela consente >>>> Gol

VIII – Ele beija sem pedir >>>>> Jogo perigoso

IX – Ele beija de surpresa >>>> Jogo bruto

X – Ele erra a boca >>>>> Bola fora