quarta-feira, 8 de julho de 2015

Esta foto foi tirada em Mairiporã/ Minha mãe estava rezando num momento de angústia porque sua neta não estava bem, e o fotógrafo, até para distrair a cabeça, achou por bem prender para a eternidade aquela tensão.
Ao ver esta foto antiga, lembrei de uma outra vez, quando ela também fez aquilo que uma avó sempre sabe fazer: proteger os netos. E aquilo foi tão marcante que até escrevi algo naquele dia

Fe

Hoje a angustia bateu
Eu não sabia mais como agüentar
Ver a menina lá
Quieta, a me olhar
E eu, sem poder saber
O que ela estava sentindo


De repente apareceu
Como de um sonho gostoso
Uma pessoa que veio até o meu lado
E ao meu lado sentou
Tão quieta como chegou
Abriu uma gaveta do lado
E de lá saiu
Um livro e uma cruz
E sem que eu pedisse
E sem nada dizer
Começou sua reza, pedindo a Deus
Pra cuidar da menina
Que estava lá
A nos olhar
E eu rezei, sim rezei
E eu chorei
Acompanhei aquela reza
Me agarrei naquela reza
Como um náufrago
Segura o que sobrou do barco
Como um doente
Segura a mão do médico
E então, como por encanto
      A reza acabou
      E quieta como chegou
      Ela se foi
Levou a minha angústia

Deixou sua paz.