domingo, 6 de novembro de 2011

RESPOSTA QUE NÃO DEI


— Com quem você gostaria de ir para a cama ?
— Com sono !
— Não ! Com quem você gostaria de manter um relação sexual, trepar ?
— Relação sexual não se tem com quem se quer, mas com quem se ama !

Resposta, que não dei, para uma conversa que ouvi durante a paradinha para o café. Estou que nem o personagem do Jô, sempre  atrasado para as boas respostas.

domingo, 9 de outubro de 2011

IMAGINE

Hoje seria aniversário de John Lennon. Ouvindo as músicas da época, trago algo que escrevi naqueles tempos

PAREDES

                                      ( O tempo: l968/9,  a angústia, a mesma)


             
 Estou entre duas paredes. Desde que acordei estou assim. Nem sei se foi desde que acordei, ou desde que dormi. Acho mesmo que é desde que nasci. Uma parede lisa e escura de um lado e uma parede branca e cheia de rugas de outro. Se me aproximo de uma sinto uma sombria tristeza macia que é ao mesmo tempo aconchegante e sufocante. A maciez da parede dá me uma paz que não sei dizer se é sentimento ou acomodação. Mas lá é tudo tão escuro, os olhos parecem fechar-se a tudo. Não notamos nada que se passa ao nosso lado. Ficamos protegido. Nosso ser  não se machuca em nada. Ficamos ignorante de tudo, passamos a vida inteira raspando-nos na parede e saímos do outro sem sentir completamente nada. Nada . Sabe o que é  nada? É  procurar um pensamento dentro da cabeça, e não achar nada lá  dentro. É  como o escritor sentar-se frente a uma máquina de escrever e não saber o que está  fazendo ali . É  uma namorada não saber porque esta querendo escolher o melhor vestido para encontrar com aquele rapaz, ou ainda não saber nem porque encontrar aquele rapaz. É  assim toda aquela parede. É  um nada escuro e abafado. As pessoas que você  encontra ali  não tem cor, não tem, cheiro, não bate o seu coração.


              A outra parede tem luz. Lá  podemos respirar, mas lá  nós vemos, sim nós vemos tudo que existe. Vemos guerras, ódios, desilusões, computadores, homens na lua, vemos fome na esquina, vemos, como diz o Caetano que " uma criança magra e morta estende a mão". Nesta parede vivemos nos machucando nas suas rugas, vivemos sentindo no corpo as pontadas de mil alfinetes, machucando-nos e machucando-nos.

            Passeando, como fez Dante, entre uma parede e outra, vemos que a diferença entre as pessoas é a luz que ilumina a segunda parede. Nesta aqui todos sentem as dores de todos. Do lado claro vivem aquelas pessoas que sabem que o mundo vai explodir logo, logo, se por acaso as pessoas não fizerem alguma coisa para salvar as outras pessoas.

            Mas os conscientes sofrem, porque sempre que eles estendem a mão são impedidos por aqueles que se encontram, na penumbra. São aqueles que sabem que de um lado tem pessoas que sofrem, e que do outro lado tem pessoas querendo ajudá-las, mas sabem que se os da escuridão passarem para a luz, deixarão de obedecer cegamente os cordéis que estão atados aos seus dedos, dirigindo seus gestos, porque os da escuridão não percebem que estão sendo conduzidos.

            A luz.
 Descobri o que é  esta luz. A luz é  o conhecimento, é  o saber, É  saber amar e saber que se sabe amar, É  o saber cultural, é o saber sentimental, por isto que às vezes de uma parede ã outra passa um facho de luz, mas insuficiente para faze-los mudar de lugar.

 Quando aquelas pessoas que estão no meio, que adquiriram o saber, mas não o amor pelo próximo, deixarem de ser bestas, e pensarem menos em si, do que nos outros, quando eles mesmo pensarem e se encostarem nas paredes rugosas, talvez aquela parede sem dor, mas sufocante, seja destruída, e a parede  branca seja alisada, e todos aqueles que sofrem não mais sofrerão.

            Mas... sonhos! Quem esta entre um pouco de conhecimento e sem amor não quer de lá e  sair, É preferível meia dor, com amor e sofrimento.

            E os governantes e políticos? Estes são uns idiotas.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

POR QUE ME UFANO DO MEU PAÍS


Tudo começou em 1500. Ou antes, nunca se vai ter certeza. Vieram até aqui, pegaram o que desejavam e foram embora. Deixaram alguns. Quais os que ficaram? Os expatriados, os criminosos, etc. Não foi sem querer. De certa forma eles estavam começando a “educar” o novo país.
         Depois vieram mais. Os que não estavam bem. Aqueles que queriam melhorar de vida e voltar para se mostrarem como ricos. Os que sobraram na distribuição dos favores do rei da época.
¾ Majestade, está faltando o Conde XX, e o Barão YY. Eles não receberam nada.
¾ Para este RESTO aí, de uns pedaços daquela terra que o Cabral falou.
         Lá na Europa tinha alguns que queriam ir embora por razões de consciência. Optaram pelo norte das novas terras.
         O RESTO veio para o sul. Resto e frustrado. A idéia era vir, ganhar dinheiro, comer umas índias e voltar.
         Depois veio uma turma grande. Os fugidos do Napoleão. Na hora que deu para voltar, quase todos se mandaram, ficou um RESTINHO por aqui.
         E de RESTO  em RESTO  fomos construindo um novo país.
         No início deste século que está acabando, alguns dos restos que aqui permaneceram, haviam melhorado financeiramente e resolveram trazer uns pobres para trabalhar para eles. Perguntaram na Europa:
¾ O que vocês tem sobrando aí?
E as elites responderam:
¾ Tem uns pobres aqui, que só comem e atrapalham.
¾ Então manda.
         E vieram. Foi a mesma coisa no Japão.
         Quem você acha que veio? Aquele que tinha uma terra, tinha filhos em escola, uma boa renda, ou o RESTO? Resposta fácil não.
Só que não era só aqui que precisava de mão de obra. Lá em cima também. E foram procurar no velho mundo.
         Você acha que quem imigra em troca de novas oportunidades procura que país? Veja o exemplo atual dos brasileiros. Tem alguém indo para Somália, Gabão, Paraguai, Equador ou Etiópia? Lógico que não.
         Quem, na época, era um pouco mais informado, foi para o Norte. Assim, ficamos com a SOBRA do RESTO.
         Os nossos avós, bisavôs, etc. e tal vieram construir um novo país.
         O Brasil virou uma imensa lata de lixo onde as elites dos países ricos jogavam seus pobres. Tinham boa formação, católicos, cristãos, budistas; cordeiros prontos para o sacrifício.
         Lógico que chegando aqui alguns ganharam muito dinheiro, afinal oportunidades sempre existem num país novo e de riquezas naturais como este. 
         Com o dinheiro veio muita coisa. Tudo que se inventava por lá aqui começou a ter: carros, casas, livros que enchiam paredes.
         Mas dinheiro, sem formação cultural a orientar sua utilização deu no que deu: motoristas deseducados e trânsito caótico; casas de extremo mau gosto e sem funcionabilidade; prédios com vidro fumê em clima tropical, com ar condicionado ligado o tempo todo; roupas e comidas de clima temperado usados livremente em país tropical.
         Livros comprados a metro, em função da cor da parede, ou a estante mais valorizada do que o que ela vai conter.
         E a enorme vontade de ser mais do que se é passando por cima de tudo e de todos. Levar vantagem em tudo.
         Esta massa amorfa, que não deixa de ser o RESTO da Europa.
         Por isso antes de reclamar que uma besta está dirigindo o carro do lado ou na sua frente, pense na origem deste motorista.
         Antes de se zangar com o esperto que guarda lugar na fila para trinta pessoas e você não consegue entrar no cinema, pense no porão do navio que trouxe o avô dele.
         O avô dele, o seu e o meu, que vieram para ca para ficarem ricos e não educados.
         Vieram para enriquecer e ir embora, e não conseguiram, deixando-nos abandonado neste local cheio de oportunidades, maravilhoso, com uma linda paisagem, mas igualmente cheio de predadores (como nós)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ausencia

Como é agitada a vida. De novo, nascimentos e doenças perturbam a frequencia diária ou até mesmo semanal neste espaço. mesmo sendo fácil o copia e arrasta inventado pelas mentes mágicas da informatização. Histórias velhas e novas se misturam na mente e na alma.
Cuidando de uns e sendo cuidado por outros
Arrastando pernas
Segurando mãos
Quem ontem amparava hoje é amparado
Vamos colocar um texto para levantar o ânimo.
Vamos falar de bobagens, que de bobagem em bobagem, chegaremos la´

NOVA GERAÇÃO

         Um dia destes recebi cópia de um email que circulava pela internet alertando sobre o trabalho de, vamos dizer assim, corintianização, feito pela Rede Globo. Por ser o time que dava mais retorno de audiência, e por estar atravessando uma fase muito boa, foi um festival de jogos diretos do Corinthians, todas as quartas e domingos.
         Achei que o alerta era exagerado, até porque estas coisas são temporárias, e cíclicas, e logo outro time estaria na berlinda.
         Mas comecei achar que há um pouco de verdade numa recente viagem de ônibus de Barretos para Campinas.
         Na parada em Bebedouro subiu para o ônibus e sentou no banco da nossa frente duas senhoras e uma criança, mães e avós, sendo que o menino devia ter uns quatro ou cinco anos. Falou o tempo todo, resmungou, mexeu onde não devia, em resumo, fez tudo o que uma criança normal desta idade faria.
         Logo que saiu da rodoviária, ao ver uma bandeira numa casa perguntou o que era aquilo.
         — Aquilo é uma bandeira do Brasil. É por causa dos jogos da Copa. Você não é brasileiro?
         — Não sou não. Sou palmeirense.
         Pensei cá comigo. Mais um sofredor à vista. E a mãe ainda reforçou.
         — Lógico que você é palmeirense, Mas agora na Copa, a gente torce pelo Brasil, pois o Marcos está lá.
         Continuei pensando. Argumento meio fraco, mas vá lá.
         E segue a viagem. Esqueci de mencionar que o ônibus em questão num misto de modernidade com bagunça brasileira, tinha televisão, que não funcionava. Mas estava lá a tv. E começa o seguinte diálogo.
         — Mãe, liga a televisão.
         — Não posso. Só o motorista que pode fazer isso.
         — O que passa na televisão.
         — Nesta aí só filme. Na lá de casa passa novela, desenho, filme...
         E o menino em cima:
         — Jogo do Corinthians.
         E a mãe, sem jeito:
         — É.
         E segue a viagem. O menino esqueceu a televisão e foi mexer na cortina, levando bronca da mãe, porque estava cheio de pó, entrava luz, etc., aquelas coisas que as mães sempre falam para as crianças. Aí, ela fez uma besteira.
         — Vamos cantar uma musiquinha. Canta alguma coisa para a vovó ouvir.
          E o moleque começou:
         — Salve o Corin..
         Coitado. Levou um tapa da mãe, (obviamente uma palmeirense) e um cala boca tão grande que funcionou até descerem em Araraquara.
         É gente, vocês têm razão. Se não abrir os olhos, logo, logo só vai ter torcedor do Timão por aí.

domingo, 17 de julho de 2011

SEMENTES DE ALMA

À espera do desabrochar

A semente esconde a impaciência

O sol aquecerá a terra

A água trará a umidade

Só aí então poderá soltar sua força



Enquanto nada disso acontecer

A semente quieta permanecerá

Sem angústias, sem incertezas

Apenas a esperar



E nós, sementes de almas livres

Prisioneiros destes edifícios de ossos e carne

Aguardamos o nosso sol

Ansiamos pela nossa água



Um dia partiremos ao desconhecido

Como a semente que ao germinar

                   desconhece seu futuro

Uma flor? Uma árvore?

Um tênue rebento comido por um pássaro?

Não lhe importa. Não se angustia por isso

Seu destino é o desabrochar



Nós. E nós o que somos?

Seres angustiados que desabrochamos

         do encontro de duas sementes?

Ou somos sementes de almas

Nos preparando para enfrentar outro lugar?




terça-feira, 5 de julho de 2011

Trabalhador

         Depois de tantos anos descobri que nunca tive o elan natural de um grande empregado. Faltou-me entusiasmo para encarar pilhas de papel e procurar no meio de letras e números o verdadeiro significado da existência.

         As frases que iriam abalar as estruturas do momento e que no amanhã serão apenas folhas amareladas num canto de arquivo, se enchendo de pó.
 Pronto, lá vou eu de novo fazer críticas a este estado de coisas.
        O que tem de humano atrás disso que fazemos nas empresas? Cadê as pessoas que justificam nossos atos? Em quê isto vai melhorar a vida do homem?

         O homem está distante, perdido na imensidão da empresa, ansioso por uma definição que lhe permita manter sua postura atual. É por este homem que você se preocupa?

         Nunca é pedida a opinião do homem. Apenas vão lhe tocando a vida, mudando-o de lugar ao bel prazer do momento. É uma boiada que vai deixando pelo caminho bois velhos que já não lhe acompanham a caminhada. Lá na frente vão puxando a boiada, que segue, mais preocupada em estar na trilha, do que em saber para onde a trilha leve.

         Lembra-me a figura que vi, de um cego, puxando uma fila de elefantes de olhos vendados. Assim foi, assim é, assim será.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Maritacas do Paulino

 La no parque Severo Gomes, uma bela área verde nesta poluída São Paulo, um número grande de pessoas praticam suas caminhadas e exercícios, como este que aqui escreve.

Alguns professores de educação física também levam para lá seus alunos.

Fica gostoso caminhar por ali e ver aquela turma nos colchonetes ou correndo, além da turminha do exercício chinês, um tai chin ou coisa que o valha.

Uma turma que chama atenção é aquela comandada pelo  Paulino. Esse Paulino é um moreno (antigamente a gente diria crioulo, mas agora é incorreto) muito estiloso, com cabelo rastafári, bem alto, diria até que deve ter sido modelo. E suas alunas são mulheres, variando de 20 a 40 anos.

Quando elas saem caminhando ou correndo em bando, cada uma delas tentando contar alguma coisa, me fazem lembrar maritacas que passam em bando por nossas cabeças. O cara deve ser um bom professor, porque a cada semana parece aumentar o número de suas maritacas. Em alguns momentos, estamos do lado oposto do parque e escutamos seus trinidos e sons. E conforme vamos nos aproximando esse volume aumenta.

E já que estamos falando em maritacas, lembro das muitas vezes que as via passar no fim de tarde em Barretos. E Barretos e passarinho me fazem lembrar da aniversariante de hoje, minha sogra, Dona Albina, que nas tardes ficava ali na varanda vendo os Bem-te-vis que vinham beber e se banhar na piscina. Ela a apreciá-los e eles a lhe fazer companhia naquelas tardes. Um abraço para a senhora. E saiba que ouvir o canto deles me fazem lembra-la.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Cansaço

Cansado dos políticos, porque votou em FHC e ele abraçou Antonio Carlos Magalhães, votou no Lula e ele abraçou Sarney, mostrando que o poder corrompe sempre e sempre. Cansado do esporte, porque seu time do coração, como muitos do Brasil, possui agora duas equipes: uma medíocre formada por onze jogadores que entram em campo e, se ganham algumas vezes, na maioria das outras dá vexame. E outra equipe, formada por um ou dois medalhões, banidos das grandes equipes, que estão la só para fazerem maketing. Cansado das atitudes populistas dos prefeitos cuja única preocupação é com o heliporto dos poderosos.
Cansado de repetir o poema do Rui Barbosa, aquele que diz "de tanto ver proliferar as injustiças, tenho vergonha de ser homem"
Cansado do atendimento médico fajuto, do convenio sacana, do remédio que tem que tomar todo dia.
Cansado de ouvir aquela bobagem que depois dos 60 vem a melhor idade. Melhor idade que vem acompanhada de achaques, restrições, etc.
Cansado de tudo o homem descansou:

apesar de que nesse momento só estava cansado de ir e vir no trânsito maluco de São Paulo.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um pouco de drama

Que a comida, assim como a vida afinal tem hora que é doce, tem hora que é salgada.

TRAGÉDIA EM DEZ FRASES




1.  Num canto dorme a criança

2.  Noutro, a mãe carinhosa

3.  Lá fora a chuva em pingos grossos

4.  Bate com força no parabrisa

5.  O ronco do motor embalando sonos

6.  O limpador hipnotizando o motorista

7.  A estrada longa e reta

8.  Um luz na pista contrária

9.  A derrapagem, o barranco

10.O fim


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Texto informativo

Em vez de ir ao fundo da gaveta buscar textos, a vida me obriga a elaborar novos. Muita coisa ocorrendo, muita vida vivendo. Um vai e vem gostoso e permanente.
Nascendo João Pedro, vivendo por duas semanas em Mauá.
NO meio disso tudo ainda conseguir um jantar com musica ao vivo, uma tarde de autógrafos e me meter no meio de uma passeata pró maconha.
Os papeis da gaveta vão amarelar um pouco mais.
E lá fora, no mundo real, barcos virando, lideres morrendo, outros lideres surgindo. São Paulo cada vez mas poluída e mais engarrafada. Não ha mais espaço nem nos fins de semana.
E a internet fez nascer algumas novas pragas. Entre elas o comentaristas e os seus comentadores. A obriga;cão de escrever uma coluna já derrubou muita gente boa, imagina então imaginem esses novos escritores de site.
E as redes sociais servindo como elo entre todas as panelinhas.
Lógico que a foto da semana tem que ser
 

domingo, 8 de maio de 2011

Histórias de terror

BRANCA DE NEVE   
         Algum tempo atrás a gente andou comentando como as músicas infantis são cheias de drama ou de maldade, tipo atirar um pau no gato, a cuca que vem pegar, ou o pato pateta que acabou na panela.

         Dias destes estava assistindo a Branca de Neve junto com a minha neta e não pude deixar de refletir sobre a história apresentada. Senão vejam:

         Logo no começo, a madrasta faz com que a menina trabalhe de empregada, e obviamente, tomando as providências para que ela não tenha acesso à herança paterna.

         Esta madrasta já é meio louca pois conversa (e acredita) num espelho, que aliás é um tremendo fofoqueiro, pois mais tarde entrega que a menina está viva.

         Por falar em estar viva a tal mulher manda matar a menina e pede que lhe tragam o coração. Nem o Jason do sexta feira 13 fez isto.  Alias, isso é coisa de musica do Vicente Celestino, que o cara arranca o coração da mãe pra dar a namorada.

O caçador prefere  abandonar a menina no meio do mato. E ainda acha que fez uma coisa boa.

         Daí, ela se refugia no meio dos anões, depois de conversar com os animais, algo perfeitamente normal.

         Falemos destes anões. Um grupo de marginalizados, com evidentes problemas físicos e emocionais.

         Vivem porcamente numa casa no meio do mato, sem contato com a civilização, sem tomar banho, sem limpar a casa, nem mesmo os seus utensílios de comida. Até os animais são mais higiênicos que eles.

         O chefe deles é evidentemente esclerosado, pois vive se confundindo. Um sofre de rinite alérgica, outro deve ter problemas de fígado ou estomacais, pois vive zangado. Tem aquele anêmico, que vive dormindo. O alienado, que é feliz o tempo todo, sem contato com a  realidade. E por último, um que tem problemas mentais e é mudo.

         Todos com forte instinto assassino, pois em determinada parte do filme se juntam para linchar a madrasta.

         Temos ainda um envenenamento, e para finalizar, um cara com sintomas de necrofilia, ou seja, atração sexual mórbida por cadáveres, que ao passar por um velório,  resolve ir dá um beijo na defuntinha.

         Defuntinha esta que, diga-se de passagem, ao acordar sai abraçada com um cara que viu apenas duas vezes na vida, e deixa para trás aqueles que a ajudaram. Será que as mães aprovariam esta união? Já no segundo encontro ir “embora” e deixar tudo para trás?

         E assim se educa as crianças



quarta-feira, 27 de abril de 2011

Barata

(a moda de CDA) ( tá mais para Kafka)

A barata passeava tranqüila pelo piso. A escuridão era o seu meio preferido. Buscava o que comer e suas antenas já tinham captado a presença de alguma coisa. Caminhava (barata caminha ?) despreocupada orientado-se por ondas químicas.
A luz que acendeu de repente provocou-lhe uma sensação de susto, deixando-a paralisada. A sua busca por alimento foi substituída pela imediata necessidade de procurar a escuridão. A fome poderia esperar. Aquela sombra que se aproximava, entretanto, não era a que buscava. Representava, isto sim, uma ameaça.
Para a pessoa, um chinelo. Para a barata uma tremenda sombra ameaçadora.

Conclusão 1 - As baratas não sabem para que serve um chinelo, mas se apavoram quando estes se aproximam em alta velocidade.

Conclusão nada a ver - A barata é um bicho realmente estranho. Assusta os seres humanos e tem um medo danado de seus chinelos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Centenário da Dona Maria

SE estivesse por aqui ainda, minha mãe faria hoje 100 anos. SE fosse famosa, provavelmente sairia suas fotos em jornais e revistas. Mas a fama que ela construiu foi entro de uma familia. Aliás, o certo seria dizer familias. Primeiro com seus pais, ajudando a criar os filhos mais novos. Mais tarde com o o seu Zé construindo uma história da qual tenho orgulho de participar. E conforme os filhos e filhas foram formando as suas famílias lá estava ela a ajudar, a participar.
Como homenagear essa aniversariante? Entre as fotos que tenho disponível resolvi escolher uma bem simples. Na porta da velha casa da Coelho Lisboa, fazendo caretas, ao ladfo do seu marido, sempre divertida e brincalhona


E por falar em brincalhona , algumas coisas que ela gostava de dizer, encerrando com uma risada gostosa
Seu juiz
Sai para rua comadre cadela
Na rua to peidando
Ca vara de to cagado
Travessei seis rua
Sete cu largo
Dexe mija
Qui ja ta pingando
Traduzindo
Senhor Juiz, sai para a rua com a comadre, cade ela?
Na rua encontrei Dando com a vara de tocar o gado.
Já atravesseis seis ruas, sete, com o largo
Deixe-me ir já
Pois já está pingando ( chovendo

Com a Cristininha (trocando o f por um c)
Sabe o que disse o Odair
O filho da verdureira
Que é feio o nosso país
Que é feia a nossa bandeira
Eu fiquei tão zangada
Que nem mesmo sei o que fiz
Somente torci o nariz
E dei-lhe uma bofetada
E um poema que fiz, muitos anos atras, para lembrar o carinho e a fé

Hoje a angustia bateu
Eu não sabia mais como agüentar
Ver a menina lá
Quieta, a me olhar
E eu, sem poder saber
O que ela estava sentindo

De repente apareceu
Como de um sonho gostoso
Uma pessoa que veio até o meu lado
E ao meu lado sentou
Tão quieta como chegou
Abriu uma gaveta do lado
E de lá saiu
Um livro e uma cruz
E sem que eu pedisse
E sem nada dizer
Começou sua reza, pedindo a Deus
            Pra cuidar da menina
            Que estava lá
            A nos olhar
            E eu rezei, sim rezei
            E eu chorei
Acompanhei aquela reza
            Me agarrei naquela reza
            Como um náufrago
            Segura o que sobrou do barco
            Como um doente
            Segura a mão do médico
E então, como por encanto
A reza acabou
E quieta como chegou
Ela se foi
Levou a minha angústia
Deixou sua paz.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Imitando Borges

J L Borges, como todo genio, transforma coisas simples em obras de arte. Por exemplo, ele escreveu um texto com a pergunta O que é Buenos Aires? como título, onde colocou memórias afetivas, locais, etc. Ficou bonito. E perfeitamente imitável. Eu fiz a mesma coisa com São Paulo. Outros poderão fazer também. Aliás, sugiro que faça.  Assim, eu respondo a pergunta

O QUE É SÃO PAULO a moda de Jose Luiz Borges

                                                        

·        É um número 765 atrás do qual a vida veio e foi algumas vezes
·        É um paredão escondendo uma fábrica num lado e deixando brotar amores nas suas sombras acolhedoras
·        É o barulho do freio de ônibus, acordando renitentes passageiros adormecidos
·        É o poeta/cronista cantando a beleza de um burro pastando a grama de um jardim público
·        É a biblioteca onde se descobre o poeta
·        É o cheiro sufocante de pastel na travessa sórdida, mas que mesmo assim nos alimenta
·        É o som baixo do pianista aposentado antes do filme no Cine Ouro
·        É o número enorme de habitantes das escadarias solicitando uma esmola
·        É o vão debaixo da escada da avenida 23 de maio, onde se escondem o ladrão e os namorados
·        "É o Brás, Tietê viadutos, barracas de flores e a multidão"
·        É o atravessar a Avenida Celso Garcia de ponta a ponta em plena madrugada, sonhando com outros dias em futuro brilhante.
·        É atravessar novamente a Avenida Celso Garcia, flutuando sobre lembranças de um recente momento inesquecível.
·        É o cheiro de gás próximo ao Gasômetro, onde antigamente (nem tanto assim) as famílias levavam seus filhos para “abrirem os peitos”
·        É o Frevinho fervilhando e o bar da esquina com ovo cozido de casca vermelha.
·        É uma calçada na Major Freitas onde se passa devagar na hora do almoço para ver se consegue captar um olhar.
·        É a longa escada que nos leva do Anhangabau até o Largo São Bento, pelo Viaduto Santa Efigênia.
·        É um cemitério, na Quarta Parada, onde famílias concorriam em homenagem a seus mortos, num espaço delimitado.
·        É um ônibus vermelho e amarelo., de numero 34
·        É um Horto Florestal, onde famílias se reuniam para o piquenique nos domingos, e onde rapazes e moças encontravam, nas suas trilhas, a resposta para suas imensas dúvidas.
·        É Cine Jussara, onde uma única vez fez-se fila imensa. Para assistir Help.
·        É Praça do Correio, onde mendigos e prostitutas se juntam no frio para se auto aquecerem, enquanto cansados trabalhadores dormitam nas filas, esperando o “noturno”
·        É o som das orquestras que toca nos bailes de formatura nos salões da cidade, onde reinam Dick Farney, Pocho, Silvio Mazzuca, Carlos Pipper e alegram seus inúmeros súditos.
·        É a Casa de Portugal, o Pinheiros, o Aeroporto, e quando pintava um amigo rico, o Monte Líbano
·        É o pão na madrugada ao sair desses salões (principalmente no Pinheiros)
·        É uma rua não muito longa, pois termina no 777, sede do Corinthians
·        É uma pequena capela, que se via da via Anchieta, e de onde, aos domingos, a Record transmitia a missa ao vivo.
·        É Raul Tabajara iniciando as transmissões esportivas, nas tardes de domingo.
·        É cinema, cinema, cinema nas tardes/noites de domingo.
·        É um pequeno bar em frente ao Teatro Paramount, com as paredes cheias de fotos e autógrafos famosos
·        É o abacaxi do Parque D. Pedro
·        É a lingüiça frita no potinho de barro na Churrascaria Central, da Praça Silvio Romero
·        É o Avenida Danças, o Som de Cristal, para dançar.
·        É o Papagaio Verde para o Virado a Paulista
·        É a Feira Paulista de Opinião e o Dois Perdidos numa Noite Suja para instruir
·        É o cine Scala para ver diversas vezes 2001