domingo, 17 de julho de 2011

SEMENTES DE ALMA

À espera do desabrochar

A semente esconde a impaciência

O sol aquecerá a terra

A água trará a umidade

Só aí então poderá soltar sua força



Enquanto nada disso acontecer

A semente quieta permanecerá

Sem angústias, sem incertezas

Apenas a esperar



E nós, sementes de almas livres

Prisioneiros destes edifícios de ossos e carne

Aguardamos o nosso sol

Ansiamos pela nossa água



Um dia partiremos ao desconhecido

Como a semente que ao germinar

                   desconhece seu futuro

Uma flor? Uma árvore?

Um tênue rebento comido por um pássaro?

Não lhe importa. Não se angustia por isso

Seu destino é o desabrochar



Nós. E nós o que somos?

Seres angustiados que desabrochamos

         do encontro de duas sementes?

Ou somos sementes de almas

Nos preparando para enfrentar outro lugar?




terça-feira, 5 de julho de 2011

Trabalhador

         Depois de tantos anos descobri que nunca tive o elan natural de um grande empregado. Faltou-me entusiasmo para encarar pilhas de papel e procurar no meio de letras e números o verdadeiro significado da existência.

         As frases que iriam abalar as estruturas do momento e que no amanhã serão apenas folhas amareladas num canto de arquivo, se enchendo de pó.
 Pronto, lá vou eu de novo fazer críticas a este estado de coisas.
        O que tem de humano atrás disso que fazemos nas empresas? Cadê as pessoas que justificam nossos atos? Em quê isto vai melhorar a vida do homem?

         O homem está distante, perdido na imensidão da empresa, ansioso por uma definição que lhe permita manter sua postura atual. É por este homem que você se preocupa?

         Nunca é pedida a opinião do homem. Apenas vão lhe tocando a vida, mudando-o de lugar ao bel prazer do momento. É uma boiada que vai deixando pelo caminho bois velhos que já não lhe acompanham a caminhada. Lá na frente vão puxando a boiada, que segue, mais preocupada em estar na trilha, do que em saber para onde a trilha leve.

         Lembra-me a figura que vi, de um cego, puxando uma fila de elefantes de olhos vendados. Assim foi, assim é, assim será.