À espera do desabrochar
A semente esconde a impaciência
O sol aquecerá a terra
A água trará a umidade
Só aí então poderá soltar sua força
Enquanto nada disso acontecer
A semente quieta permanecerá
Sem angústias, sem incertezas
Apenas a esperar
E nós, sementes de almas livres
Prisioneiros destes edifícios de ossos e carne
Aguardamos o nosso sol
Ansiamos pela nossa água
Um dia partiremos ao desconhecido
Como a semente que ao germinar
desconhece seu futuro
Uma flor? Uma árvore?
Um tênue rebento comido por um pássaro?
Não lhe importa. Não se angustia por isso
Seu destino é o desabrochar
Nós. E nós o que somos?
Seres angustiados que desabrochamos
do encontro de duas sementes?
Ou somos sementes de almas
Nos preparando para enfrentar outro lugar?