segunda-feira, 15 de junho de 2015

EITA TREM BÃO

Estamos de volta à velha discussão de "falar correto", "escrever correto".
Desde às criticas nas redes sociais das novas formas de expressão na comunicação até aos pesados argumentos contra a pretensão de alguns linguistas, incentivada pelo Ministério da Educação, de aceitar expressões como "nós vai" e outros erros de concordância antes de decidirem por uma eliminação de quem escreveu.
Esta briga não vai terminar nunca, e vou citar aqui um fato que ocorreu comigo, no tempos que estudava e que acredito ilustrar os dois lados da discussão.
Em um estágio de Psicologia Escolar um grupo de estudantes foi solicitado a aplicar em algumas crianças testes de prontidão para alfabetização.
Um deles trata de mostrar figuras às crianças para que elas identifiquem o objeto.
Solicitado, feito, apresentamos à coordenadora os resultados obtidos com as nossas crianças.
Uma estagiária chegou com um resultado surpreendente: um dos seus entrevistados tinha tirado zero em todas as questões.
Foi decidido então que se reaplicaria o teste e fui o escolhido.
O garoto de 6 anos morador da periferia de Ribeirão Preto, tinha chegado à cidade faziam poucos meses. Toda sua vida tinha se passado numa fazenda de uma cidade pequena no interior de Minas Gerais.
Comecei o teste.
Primeira prancha a foto de uma panela e ele "Isso é um trem de cozinha"
Segunda prancha, um rastelo e ele" Isso é um trem de mexer na terra"
Terceira prancha, lápis e caderno e ele "Isso é trem de escola"
E assim seguiu.
Voltei então à reunião, e sendo um pouco maldoso abordei a moça porque ela tinha dado zero e ela
- Ele tinha que dar nome aos objetos e ele não sabia o que era, tudo ele dizia que era um trem.
Depois das risadas e de explicar a ela as manias de linguagem dos mineiros o menor foi considerado pra ser alfabetizado.
Bom porque essa história?
Pelo choque das duas culturas. A estudante por desconhecer uma tipicidade de linguagem de uma região estava pronta a reprovar o menino e consider-a´lo qualse um deficiente mental
O menino, por sua formação, conhecia os objetos e até sabia os nomes reais, mas pela convivência preferia chama-los de "trem" com um qualificativo;
Então, tenhamos paciência com aquilo que chamamos "erro". O mesmo riso que você der poderá receber de volta

Um comentário: